Estudo Resumido Sobre Psicopatia
ESTUDO RESUMIDO SOBRE PSICOPATIA
DESVENDANDO A PSICOPATIA
By Professor William Marcos – Psicanalista, Filósofo. Professor do Curso de Formação em Psicanálise.
O psicopata não é um deficiente mental e tampouco sofre de alucinações ou problemas de identidade, como pode ocorrer com as vítimas de esquizofrenia. É um sujeito, muitas vezes, com inteligência acima da média. Pode ainda ser simpático e sedutor – e usar essas qualidades para mentir e enganar os outros. O psicopata não é dotado de emoções morais: não tem arrependimento, culpa, piedade, nem vergonha. É incapaz de nutrir qualquer empatia pelo próximo. Para um psicopata, atirar em uma pessoa e jogar um copo plástico fora são atos muito parecidos. Assim, se destaca enfaticamente a completa falta de remorso do criminoso psicopata, seus critérios de emoção destoam em gênero, número e grau dos critérios normais do paradigma de normalidade psicoemocional do homem e mulher classificados como normais; daí o profundo mal estar que suas práticas criminosas provocam na sociedade em geral. A compreensão e classificação do que talvez seja, “A Loucura”, você verá ao cursar o Curso de Formação Profissional oferecido pela Mensch Psicanálise e Estudo.
Critérios médicos de identificação da psicopatia (desencadeadores):
- Esquizofrenia (forma simples)
- Epilepsia (forma condutopática)
- Encefalopatia (forma minor)
OU SEJA, três transtornos mentais distintos, que ao se manifestarem causam a psicopatia.
Os psicopatas se diferem de modo fundamental dos demais criminosos. Hare realizou uma pesquisa “com o objetivo de encontrar parâmetros que pudessem diferenciar a condição de psicopatia e criou um instrumento de pesquisa, a escala PCL-R”.
A escala criada por Hare nada mais é que um checklist com 20 (vinte) quesitos, e atualmente validada no Brasil por especialistas em medicina psiquiátrica. Esses quesitos possuem pontuações de zero a dois para cada item, totalizando 40 (quarenta) pontos. O individuo que perfaça 30 (trinta) pontos estaria enquadrado como sendo um psicopata típico a desenvolver a psicopatia criminal e se tornarem criminosos contumazes.
ELEMENTOS QUE COMPÕE A TABELA DE AVALIAÇÃO PCL-R:
- Loquacidade / charme;
- Autoestima inflada;
- Necessidade de estimulação / tendência ao tédio;
- Mentira patológica;
- Controle / manipulação;
- Falta de remorso ou culpa;
- Afeto superficial;
- Insensibilidade / falta de empatia;
- Estilo de vida parasitário;
- Frágil controle comportamental;
- Comportamento sexual promíscuo;
- Problemas comportamentais precoces;
- Falta de metas realísticas de longo prazo;
- Impulsividade;
- Irresponsabilidade;
- Falha em assumir responsabilidade;
- Muitos relacionamentos conjugais de curta duração;
- Delinquência juvenil;
- Revogação de liberdade condicional
- Versatilidade
- não criminosos estariam na pontuação de 0 a 12 na escala PCL-R,
- os que teriam transtorno parcial com pontuação 12 a 23
- e de 23 a 40 pontos estariam enquadrados no grupo que possui transtorno global.
Os que estariam inseridos no grupo de transtorno global teriam forte predominância a outro critério médico de identificação dos psicopatas – a perícia médica, feita através de laudo pericial que é a tradução de impressões captadas pelo técnico ou especialista, em torno de um fato litigioso. Os peritos em psiquiatria forense identificam o perfil comportamental do criminoso e emitem um relatório técnico, confirmando se o indivíduo submetido à análise é ou não portador do transtorno em epígrafe e quais as circunstâncias psiquiátricas o envolviam no instante do cometimento da ação criminosa, com os critérios:
A – Padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde a idade de 15 anos, como indicado por três ou mais dos seguintes elementos:
- Falhas em adaptar-se às normas sociais que regem os comportamentos legais, indicadas pela repetição de atos que são motivos para prisão.
- Propensão para enganar indicada por mentiras repetitivas; uso de codinomes e manipulação dos outros para benefício ou prazer.
- Impulsividade ou falha para planejar o futuro.
- Irritabilidade e agressividade, indicado por brigas e agressões repetitivas.
- Desrespeito negligente pela própria segurança ou dos outros.
- Irresponsabilidade, indicada por falhas repetitivas em sustentar um trabalho consistente ou honrar obrigações (financeiras ou morais).
- Falta de remorso, indicado pela indiferença ou racionalização ao ter maltratado alguém ou roubado alguma
B – O indivíduo tem pelo menos 18 anos de idade.
C – Há evidências de transtorno de conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D – A ocorrência do comportamento antissocial não é exclusiva do curso da esquizofrenia ou de um episódio maníaco.
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO DESVIO COMUM
Ter vergonha de algumas coisas, explodir de raiva em certos momentos, dramatizar situações ou ter atitudes egoístas esporadicamente é comum na vida de grande parte das pessoas. O problema é quando algumas características passam a ocorrer com frequência e em exagero. Ao ultrapassar esta linha tênue, o diagnóstico pode ser de transtorno de personalidade – também conhecido como sociopatia e psicopatia.
“Todos nós temos um pouco de tudo, o problema é a quantidade deste distúrbio”.
Assassinos famosos como Chico Picadinho, Francisco de Assis Pereira (maníaco do parque) e Champinha são exemplos de portadores de transtorno de personalidade, mas o leque é muito mais amplo e a “deformação moral”, não está ligada diretamente ao crime.
“Os portadores de transtorno de personalidade – que praticam delito são minoria.”
Mania de perseguição, dificuldade em se relacionar, desrespeito constante às normas, impulsividade, baixa tolerância a frustrações, perfeccionismo e falta de determinação são características que, quando em exagero, podem indicar um transtorno de personalidade. A medida é quando a característica começa a chamar muito a atenção dos outros.
Um indivíduo com transtorno de personalidade tem três defeitos básicos:
- São altamente egoístas;
- Não se arrependem dos atos;
- Têm valores morais distorcidos.
O problema foi descrito pela primeira vez em 1835, como insanidade moral. Ao longo dos anos, já foi chamado de psicopatia, sociopatia, transtorno de personalidade e chamado por um psiquiatra brasileiro de condutopatia (Palomba).
A deformação de conduta pode ou não se manifestar, no entanto, não existe cura para o problema. Gostam ou não se incomodam com o sofrimento alheio. Aparentemente, a pessoa é normal e lúcida, mas tem uma conduta deformada. Gostam ou não se incomodam com o sofrimento alheio. Aparentemente, a pessoa é normal e lúcida, mas tem uma conduta deformada.
Existe tratamento para controlar, o indivíduo pode ter predisposição aos transtornos, mas o problema está ligado ao ambiente em que ele vive quando criança. Os traços se formam na infância, mas devem ser bem analisados na adolescência.
O tratamento é difícil, pois, quando uma pessoa tem um transtorno de personalidade, dificilmente assume o problema. Se o assume, não quer por em cheque que está com o transtorno. E procurar ajuda profissional já é um terceiro passo. O tratamento da doença comportamental fica ainda mais difícil nos casos mais graves, como dos criminosos em série.
Uma pessoa que gosta de dirigir a 200 km/h e faz isso por puro prazer, sem se importar se pode ocasionar a morte de alguém, tem um transtorno de personalidade.
O transtorno narcisista – em que a pessoa tem o desejo de ser melhor do que os outros – é um dos mais presentes no dia a dia da clínica psicanalítica. A cultura atual incentiva isso: ser mais esperto, passar por cima dos outros, ser mais bonito.
CARACTERÍSTICAS COMUNS EM TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE.
Transtorno paranoide – São aquelas pessoas cismadas demais, que acham que estão sendo perseguidas. Os paranoides são desconfiados, têm sensibilidade excessiva a contrariedades e o sentimento de sempre serem prejudicados pelos outros.
Transtorno esquizoide – Os esquizoides são desapegados, não têm interesse pelo contato social, têm dificuldade em se relacionar de forma íntima e afetiva com as demais pessoas e bloqueio para experimentar prazer e relações sexuais.
Transtorno antissocial – Eles são indiferentes aos sentimentos alheios, podem ter comportamento cruel, não obedecem a normas e obrigações, têm baixa tolerância à frustração e cometem facilmente atos violentos. Este tipo viola os direitos das outras pessoas e não sente remorso pelo que faz.
Transtorno emocionalmente instável – Pessoas impulsivas e imprevisíveis. Além de agir de forma descontrolada em determinadas situações, o indivíduo também tem perturbações que dificultam a definição de preferências pessoais e provocam o sentimento de vazio.
Transtorno histriônico – São pessoas que têm o comportamento dramático e fazem palco para aparecer. O transtorno está relacionado à histeria. Os histriônicos são egocêntricos, não toleram frustrações e têm a necessidade de atrair a atenção para eles próprios. Quando algo é bom se torna excelente para o histriônico e, quando é ruim, vira uma tragédia.
Transtorno anancástico – O portador tem excessiva preocupação com detalhes, é rígido e teimoso. A pessoa tem pensamentos estranhos à sua vontade e em geral angustiantes, obsessivos, repetitivos e perfeccionistas. Apesar dos esforções, não consegue resistir, e é levado à ansiedade posterior.
Transtorno ansioso – Tem sensibilidade excessiva a críticas, sentimentos persistentes de tensão e apreensão e timidez excessiva por insegurança pessoal.
Transtorno dependente – Pessoas com falta de determinação e iniciativa em excesso podem ter transtorno dependente. O dependente não contraria, não age ou resolve qualquer coisa.
Transtorno abúlico – São aqueles indivíduos que não fazem nada, que estão sempre na vagabundagem. A pessoa não para em empregos e não estuda. Segundo o psiquiatra, se a família do abúlico estiver passando fome, ele só vai trabalhar para manter o próprio sustento. E, se ele tiver um pão com queijo naquele dia, não vai trabalhar porque já arrumou o que comer. Esses indivíduos costumam se fundar em álcool ou drogas.
Transtorno narcisista – Quem não tem vaidade não é normal. No entanto, o exagero em querer se sentir superior e a necessidade em rebaixar os demais para se sentir bem é um transtorno de personalidade. “Se caracteriza pelo culto à beleza e à aparência”.
Transtorno fanático – Hitler, Mussolini e Kadafi foram exemplos de condutopatas fanáticos, movidos por ideias fixas que podem levar a cometer crimes, homicídio e até a tirar a própria vida.
CONSIDERAÇÕES DO PSICANALISTA
A informação disponível a todos na rede mundial perfaz vários caminhos, e também este breve estudo expositivo tem a pretensão inclusive de suscitar em cada leitor e pesquisador pensar sobre seu nível de cognição, de objetivos a perseguir pela conquista do conhecimento, e até mesmo se pode vir possuir graus e em que escala de psicopatias.
Este estudo já foi utilizado em trabalhos acadêmicos desde 2012 através da academia.edu e sites UFMG, e divulgado agora na MENSCH Psicanálise e Estudos, somente inicia uma temática inesgotável de possibilidades ainda a ser pesquisadas, e a intenção é inserir a quem desejar, o conhecimento básico de modo a intermediar a iniciação e interesse aos estudos da mente e comportamentos.
Fonte de Pesquisa:
Hare, R. D., & Neumann, C. S. Psychopathy as a clinical and empirical construct. Annual Review of Clinical Psychology, 2008. 4, 217-246.
Palomba, G. A. Tratado de Psiquiatria Forense – Civil e Penal. Atheneu, São Paulo. 886 p.
APA. DSM-5 – Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5 ed.
Este artigo é parte integrante do acervo da MENSCH, sendo permitido sua reprodução desde que informado a fonte e endereço de referência.