O Texto Teatral e o Roteiro de Cinema

O Texto Teatral e o Roteiro de Cinema

O Texto Teatral e o Roteiro de Cinema são criações bem distintas, contudo,  quando há semelhanças, invariavelmente  se referem à presença e à fala do ator.

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A Literatura e as Instruções

No Teatro Dramático (Ler o que é Teatro Pós-Dramático) o texto é uma obra literária. Um leigo que o ler terá uma clara ideia do que trata a ação e como se realizam essas ações, embora o texto teatral só se concretize na montagem do espetáculo teatral, o acontecimento teatral.

A Peça ou o Texto Dramático (texto para um espetáculo do Teatro Dramático), é um conjunto de falas e rubricas (instruções) que se inscreve no tempo da leitura. É na ordem em que se lê e na combinação das falas e as rubricas,   que se ocupa a linha do tempo. Ali, como está escrito.

O Roteiro de cinema não é uma obra  literária. É um conjunto de instruções bem técnicas que entende aqueles que fazem filmes. Pode conter falas de atores, mas pode também conter apenas instruções de como as imagens serão vivenciadas pela plateia. Se você leu “O Que é Espetáculo Teatral“, sabe que  este conta uma história (ou algo) através da palavra enquanto o cinema o faz através de imagens.

 

O Dramaturgo Escreve para Atores

Um roteirista de cinema pode ter uma vontade de contar a experiência de um homem que cai no mar, se debate, luta contra um tubarão, sobrevive uma tempestade e consegue  nadar até a praia. Ele terá que lidar, portanto, com aspectos audiovisuais, instruindo   diretor, técnicos e atores sobre como ele quer que essas imagens sejam vivenciadas pela plateia. Pode ser um monte de sinais, descrições e termos técnicos que não formam uma leitura nada interessante, a não ser para os envolvidos na produção do filme.

Um dramaturgo, por outro lado,  recorre ao discurso e alguma instrução sobre o que se pretende em termos de ocupação do espaço, efeitos técnicos e ação física do personagem-ator.

 

O Acontecimento Teatral é uma experiência da Plateia com os Artistas

Mas não é certamente só na forma que esses dois tipos de criações diferem.

O que se espera de um bom roteirista de cinema sobretudo,  é que ele consiga prever claramente o que a plateia experimentará, através de um documento que contém informações suficientes para possibilitar essa realização. Ele deve, portanto,  prever   que esse documento será fragmentado, pois terá sua criação em partes ao longo do período de produção e gravação (filmagem). Deverá, além disso,  ter em mente que sua produção   quase nunca é na sequência da história ou do filme acabado. O Roteirista sabe, antes de tudo, que esse documento ganhará um Story Board, será decupado, editado, transformado, montado  e, por fim, acabado   com todas as partes coladas e sincronizadas; e isso será o filme a ser exibido.

O talento do Dramaturgo é, igualmente, o de prever o que chegará até a plateia, mas através de um documento que instrui as ações em tempo real, já diante da plateia.

 

O Acontecimento Teatral é uma experiência da Plateia com os Artistas

Vê? São documentos diferentes e exigem talentos distintos de seus autores.

Ambos são contadores de histórias (ou de algo), mas enquanto o Roteirista de Cinema cria pensando nos processos e tratamentos das imagens. O  Dramaturgo, no entanto, está para a poética, para o uso da palavra e da experiência  metafísica e subjetiva que o encontro dos realizadores com a plateia suscita.

 
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