O Que São os “cacos” no Texto

O Que São os “cacos” no Texto

“Caco” é uma gíria utilizada no meio teatral querendo dizer “sujeira no texto”, ou seja: a adição de palavras próprias de alguém, quase sempre o ator, que não é o autor do texto.

Assim que você ler “O Teatro pós Dramático“, “A Exigente Técnica da Improvisação” e “Work in Progress“, constatará que textos podem receber colaborações.  Verá que há diversos linguagens onde a participação do  ator  na composição do texto é, não apenas uma possibilidade, outrossim,  uma necessidade, entretanto esse artigo não trata dessas linguagens.

O Ofício do Ator

“Tem que decorar?”,

“Nossa! tem tantas falas”,

“Preciso ler a peça toda ou só minhas falas?”

Essas são algumas das perguntas que certos atores amadores fazem e, invariavelmente,  revelam que não conhecem  esse ofício. O que pensar de um aluno de pintura que questiona se vai precisar lidar com tintas? Ou um aluno de dança que não gosta de expor o corpo? Não é muito diferente de um nadador que não gosta de água.

A paixão pela leitura e pela interpretação de textos é o chamado do ator. Ler, entender e fazer das palavras do personagem as suas é o cotidiano desse ofício.

 

Nem todo Profissional é Bom no que Faz

Há, entretanto, os atores que vivem desse ofício e não gostam de ler e interpretar textos. Se acham, de certo, com a habilidade de adaptar a obra do dramaturgo para seu benefício. Colocam, dessa maneira, suas própria palavras, sua redação, seus “cacos’.

O tal do “caco” aparece comumente em três casos:

1°) O texto é mais complexo do que a formação cultural e educacional do ator, portanto não consegue entender ou interpretar. Assim sendo, ao invés de compensar essa deficiência por meio de uma maior dedicação, ele traz o texto para o seu nível;

2°) Não entende o que é a vida contínua e ininterrupta do personagem. Nesse caso o  personagem só vive quando fala, de modo que  o ator sem talento preenche espaços sem texto com palavras que “explicariam”o que pensa ou sente, já que não pensa nem sente nada de verdadeiro.

3°) Um erro, uma falha. Diferente do ator de cinema, o ator de teatro é um atleta da criação cênica. Não há cortes nem edições. É do começo ao fim a cada apresentação. Não é de se espantar que ocorra um esquecimento, uma distração passiva de ocorrer em apresentações diante de plateia.

Um bom diretor de teatro certamente  tratará o “caco” como no 3° caso o qual poderá ser  tolerado, entretanto, nunca validado.

Sugestão de Prática

Caso você seja um encenador iniciante, certamente vai ter mais sucesso em suas montagens se utilizar textos curtos e simples. vá, primeiramente, adquirindo experiência e poderá  então, trabalhar com textos mais longos e complexos. 

No livro “Cenas Ágeis e Curtas” você encontra 8 textos próprios para iniciar seus experimentos.

 

 

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