Como Escrever os Diálogos
Uma boa forma de descobrir como criar diálogos é Não criar “falas”. Deixe seus personagens falarem. E mais, não escreva o que eles falariam, escreva o que eles não conseguiram deixar de falar. O que foi impedido de se calar.
Primeiramente, como esse tema é vasto e abrange tantas disciplinas, vou apenas tocar em alguns pontos que julgo importantes. No entanto, se ao começar a criar diálogos você puder aplicá-los, poderá ir desenvolvendo seu próprio processo criativo com o tempo.
Você entenderá melhor esse artigo se tiver lido “Antes de Escrever os Diálogos“.
O vídeo abaixo é parte do Curso de Redação de Textos Teatrais. Semelhantemente à esse artigo, ele pode lhe ajudar a entender o processo criativo do autor. O Curso se aprofunda em todos os aspectos da criação dramática. Para ter acesso a todos os 10 módulos com video aulas, exercícios práticos e certificado de conclusão, CLIQUE AQUI. Para uma abordagem menos aprofundada, assista ao vídeo e continua lendo o artigo.
Crie Diálogos com Base no que o Personagem não Conseguiu Calar
A história será contada por uma soma de elementos: Pelos personagens com suas falas, suas ações físicas e a combinações de outros recursos técnicos. Se escrever falas narrativas, sua peça parecerá um grupo de contadores de história falando de forma intercalada.
Você tem que conhecer muito bem o interior dos personagens que cria. Suas motivações, medos, desejos e fraquezas. O exterior estará sendo visto. A fala é da ordem da psique, portanto do interno que escapa para o externo.
Não Use Diálogos para Dar Explicações das Ações
Alguns autores iniciantes se deixam influenciar pela péssima dramaturgia das telenovelas e das comédias românticas do cinema. Eles insistem em usar os diálogos para explicar o que está acontecendo ou que pensam e sentem. A pessoa com pressa diz: “Estou com uma pressa”, a pessoa com fome: “Que fome”.
Uma boa forma de aprender que isso é um bilhete sem retorno para o ridículo, é observar o que você fala. Motivado por diferentes forças, a gente cala algo, pensa algo, deseja algo e a fala é parte do que resulta. Isso move uma nova fala no outro.
Exercício Prático de como criar diálogos
Use sua experiência pessoal para criar diálogos, assim, crie uma situação hipotética e ponha-se dentro dela.
O que você diria se fosse abordado por um vendedor de planos de saúde ao caminhar apressado pela calçada? E se o mesmo vendedor lhe oferecesse um plano depois de lhe pagar uma bebida num bar? Não invente frases. Deixe o seu “eu” falar.
Você vai se surpreender como a forma é reduzida e simples dessas falas, no entanto impactantes.
No Curso de Redação de Textos Teatrais você encontra diversos exercícios práticos para desenvolver essa habilidade. Para saber mais CLIQUE AQUI.
Texto não é um Fim. Texto é Pretexto
Penso, logo existo? Não. Existo justamente onde não penso.
Quando um personagem fala algo, ele quer algo com essa fala, entretanto o querer nem sempre está descrito nessa fala.
“Bom Dia” quer dizer que ele deseja um bom dia a alguém? Esse seria o fim obsessivo. Descubra o que ele deseja e quer de fato. Quem deseja um bom dia a alguém, por outro lado, dificilmente diria “Bom dia”.
O bom dramaturgo se nega a ficar refém do termo. Ele investiga o que há por trás da fala para retorná-la, depois, em sua criação. Retorná-la, contudo, não mais aprisionada ao vazio do uso comum, mas sim repleta de significado. Esse significado é o desvendar da vida interna do personagem.
Um funcionário público insatisfeito com sua profissão, pode chegar ao local de trabalho dizendo: “Bom dia a todos”, no entanto desejando com isso que ninguém fale com ele.
Vê? O Dramaturgo usa o texto como uma forma de dizer algo mais profundo e mais importante do que o pensamento, do que a descrição do que se passa ou a ação física.
O pensamento é uma invenção da razão, do imaginário e não do desejo.
Finalmente, mas não menos importante: o autor de teatro precisa ler todo o material dramático do qual puder lançar mão; para isso inscreva-se gratuitamente nesse site e tenha acesso gratuito a centenas de peças.
Leitura Recomendada
[Best_Wordpress_Gallery id=”13″ gal_title=”Escrevendo básico”]